Na voz estava um link com um "desafio", e apeteceu-me brincar com ele.
Toma Ludovina, é teu.
FORMAS, DEGRAUS, ÁGUA, ESPELHO, SEXO, MORTE, PELE, ECO, RETALHOS, AUDÁCIA, TELA, NEGRUME, CAFÉ, GESTOS, NORTE, VOZ, VIDA, PEDRA, SENTIDOS.
Falavas-me das mágoas que te dilaceram as entranhas como um tumor a minar, a minar, a morte perto e tão longe, a cegueira de não olhar o brilho da lua e das estepes na tépida modorra das manhãs, no teu lado Norte lunar acabrunhado, arrastado peso culpa enevoavando-te a felicidade no fim da tarde, em passos e gestos tolhidos, nas formas da caminhada oprimida dos prantos, agora riachos finos e moribundos de água choca.
E eu espelho, encolhida a tapar-me devagar de ti e a pensar num final diferente, nos amores e dos amores e daqueles que descreves que não têm entremeios, nem meios, nem fim, que nos respiram através da pele, do sexo projectado eco vento, em retalhos de cheiros e toques, num pestanejar furtuito enquanto mexes o negrume do café.
E enquanto a voz te abranda, vejo-me pedra, vida, tela retesada, e fremem-me as células, a crescer e mirrar, e voltear e rodopiar e enrolar, no núcleo apertado dos afectos escondidinhos que sobrevivem a pulsar, na audácia em saborear o bem e o mal que nos dizimam os sentidos. Daqueles que nos marcam a ferro indeléveis o sentir.
E a descer descuidada os degraus ainda te atiro em modos de despedida:
- E olha... um grande amor não tem que necessariamente deixar saudades. Pode-nos deixar plenos, íntegros, seguros de saber que se foi capaz, e que se é capaz de continuar a amar mesmo depois do fim.
Bolas, Jaquelina Pandemónio! Tu atira para ai com o que quiseres. Eu deixo! E queres saber? Concordo até. Há um tempo para tudo, até para olhar para trás já conseguindo olhar para trás. E, tropeçando nos degraus, sabermos que agora - porque conseguimos - também há saudades do futuro :)
ResponderEliminarBeijo!
100% de acordo que o amor é como uma ida ao dentista: teme-se das primeiras vezes mas o progressivo conhecimento dos objectos que lá encontramos tornam-nos tu cá tu lá com eles e a partir daí cada ida só pode ser esperança de melhorar a qualidade de vida. ;)
ResponderEliminarViva Jp, vou levar comigo este conto para o desafio, pode ser ?
ResponderEliminarAparece lá em casa :)))
JP:
ResponderEliminarE que sopa deliciosa. Ò minha amiga em vez de andares naqueles corredores inóspitos e frios às 5 horinhas da matina, devias mas era andar nos corredores das Artes, pinturas e literaturas. Um grande beijo para ti.
Que o bonito o teu desafio.
ResponderEliminarGostei particularmente do final.
Dar valor ao facto de termos tido um grande amor!
e eu espelho, a ver o reflexo do teu pestanejar fortuito... e tu espelho, encolhida, a ver a dor que reflecte a tua, a que tiveste e a sombra dela. Tudo resolvido. Quem me dera ser capaz!
ResponderEliminar(o desafio do Tozé, não era? Vai lá ver... coisas de qualidade, a aguardarem este teu texto... cada vez melhor, já to disse, cada vez melhor!)
És mesmo Ludovina! Então vais dizer ao finúrias que eu me enganei, e que te dediquei isto a ti?! Ai filha que andas mesmo mal da perna, como se o link abaixo não remetesse ao blogue do Tozé.
ResponderEliminar:DD
Mas pronto, eu perdoo-te, e dou-te beijos de volta
;o)
Maritree
ResponderEliminartem que ser
uma especie de imunidade analgésica que nos torna mais aptos na escolha
;o)
Tozé
leva lá,pois embora a Hipatia se sinta inchada com a dádiva, o "dono das palavras" és tu.
E costumo lá ir.
:o)
Soslayo
ResponderEliminartemos que ganhar a vida sabes?
E é nos corredores e salas frias que recebo aquilo com que compro onde posso escrever e pintar.
Beijo grande amigo
Marta
obrigado pelas palavras e pela visita
Já lá fui Elipse, embora nem sempre comente, aliás ando pouco argumentativa, ou meio desleixada, ou meio cheia de falta de tempo, ou apenas virada para as minhas cores.
ResponderEliminarE são belos textos sim.
As pessoas ainda conseguem ser belas quando querem.
Quanto ao seres capaz,uns são, outros não,mas eu ainda não perdi a esperança em ti ;)
E obrigado mulher das palavras
pois é, andas ausente. mas textos como este são um descanso. estás cheia de vida e essa cabeça funciona mesmo bem. presumo que o corpo é que paga, como dizia o outro. (o que é que eu queria dizer?)
ResponderEliminargosto da tua torrente, tenho sempre essa impressão, de uma "torrente " de palavras. que sai cá para fora como se estivesse presa há algum tempo. mas sem histeria. e no teu último parágrafo vê-se como és grande.
depois do mim é possível continuar a amar, claro... até se encontrar outro amor (que pode até nem ser grande)! ;)
ResponderEliminarmim = fim :p
ResponderEliminarlilly,a minha amiga é que continua imparável.
ResponderEliminarEu por cá ando de humores, mas temos sempre a desculpa do tempo.
;o)
Mas tens razão na torrente e no facto da histeria não me ser um selo.
toma beijo
fábula
ResponderEliminaro ser humano é uma amalgama de afectos, logo, a acumulação ou o conjunto dos mesmos é quase como a lei da vida, se é que me entendes
:)
olha o desafio do finurias!
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