Anualmente, no período antes e depois que procede o meu
nascimento, inicio uma espécie de transição meditatória sobre o que me trouxe
aqui e, chego à ridícula conclusão de que não passo apenas de mais uma concepção
copulatória dos meus ascendentes directos.
Não trago traços excepcionais, nem diferenças espantosas
capazes de me catapultar para outros paradigmas psicadélicos fora do tempo. Mas
tenho pena, confesso.
Embora grande parte tempo transite entre o não pertenço aqui
e o faço parte de mais uma etapa, reconheço apenas que o tempo me traz uma dose
de desconforto predatório, dificilmente controlável na presença da mesma espécie
que deveria ser mais ou menos do mesmo perfil do meu mas que se revelam
levemente inferiores no estadio.
Mantenho laços invisíveis, mas inquebráveis na memoria,
dolorosos e reconfortantes, que me mantem de pé e estável. E faço questão de os
regar de quando em vez, para que a folhagem se vá mantendo coesa e perceptível.
A decadência progressiva das células nem sempre nos dá serenidade,
porque ver alêm da mascara tem vantagens e desvantagens mas, em certos casos
dá-nos clareza reflexiva para eliminar já sem grande esforço várias formas materiais
e genéticas de toxicidade.
Não me contento em ser seguidora.
Não me contento em ser seguidora.
Resumidamente e no vernáculo comum, já não tenho cu para
aturar eufemismos e putas virgens.
Vamos a mais uma limpeza de “gente” que em nada contribui
para o meu apaziguamento mental.
Aos restantes, as raízes continuam sólidas e de boa saúde.
Abreijos
J.P. 24 de Fevereiro de 2017
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