Aviso á navegação, às histerias de massa, cinismos e afins.
Ao contrário do que é suposto, eu parto quase sempre do princípio
de que, até prova em contrário são todos culpados. Por isso não fui para
advocacia, nem para freira ou fiz qualquer pacto com o demónio.
Não tenho heróis, apenas pessoas das quais gosto muito ou não
gosto nada.
Ocupar cargos “poderosos” ganhar medalhas, ganhar mais do
que eu, estar rodeado de serviçais lambedores, ou fãs histéricos, aparentar a
felicidade inatingível, viajar em lugar executivo e ou comprar Chanel para mim
é pro cú - e nunca sofri uma violação porque tenho massa muscular suficiente
para me defender, mas já sofri outras formas de abuso que a maioria desconhece,
e que para o caso como diz a outra agora não interessa nada.
Ou seja, em vernáculo
comum, estou-me a cagar.
As pessoas, repito, as pessoas têm todo um lado obscuro e
primitivo, mais ou menos disfarçado que numa ou noutra circunstância vem ao de
cima. Passe apenas por dizer mal do gajo/a ao lado, ou a matar animais de carro
em alta velocidade só porque sim, ou através de “qualquer efeito nefasto da
ingestão de gasóleo agrícola” satisfazer o seu lado sexual ou violento com quem
quer que seja.
Publicar fotos fofinhas de animais negligenciados, e logo a
seguir acharem que a “gaja” estava a pedi-las apenas porque estava a rir-se, e
como tal existia toda a legitimidade para levar no cú do pretenso “herói” é no mínimo
aberrante, assustador, demenciado e prova factual de que os valores morais
deixaram de existir. Especialmente depois de se terem insurgido conta os violadores
do Porto, pesando embora o facto de terem ido para casa com uma repreensão por
escrito, porque a piquena estava de mini saia e trouxe ao de cima a testosterona
que existia e um homem não é de ferro…
Resumindo, andei vários dias a pensar se valeria o tempo
perdido em vos estar a escrever isto, até tinha jurado que iria passar de
fininho sobre o “não assunto”, mas receber e ler apelos sobre, tirou-me do
sério.
Por tudo isto façam –me o favor de não me enviar por mensagem
privada ou outra, qualquer apelo do género vamos salvar a honra do nosso herói nacional,
e pensem apenas no que vos foi tentado ensinar na escola e em casa, sobre a
empatia, os falsos valores e outros quejandos
.
E não me venham com teorias de merda absurdas, tipo “senão
quiseres ler ou estás no direito de me desamigares”, porque isso já eu sei e
não preciso da vossa permissão para nada.
Tomem as dores de quem morre de fome em agonia, de quem é violado
e torturado diariamente em crimes de guerra ou outros, de massas populacionais
forçadas a sobreviver e a deslocar-se em miseráveis e nem imagináveis condições,
e chorem, porque sinceramente neste momento nem sequer sou capaz de ter o
cinismo para vos dizer sejam felizes.
Joana Pestana
8/10/2018
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