Eram três e meia da manha, e a madrugada fresca convidou-a para o ultimo cigarro antes de deitar. Tinha estado a matar a insónia vendo um filme lamechas, daqueles onde o amor acontece inesperado, embora não tão inesperado que nos filmes acontece sempre assim, depois de uma piscadela e de um copo de conhaque, que filme romântico mete sempre irlandeses altos e de lábios grossos enrolados num cachecol que roça os joelhos e serve para dar quatro voltas ao pescoço longo, e a gente fica de boca aberta a imaginar as voltas que a lã teve que dar e coisas assim absurdas, enquanto os lábios ficam mais rosados do frio, evidentemente, que há sempre neve e pegadas brancas e lareira a crepitar para nos aquecer o corpinho palpitante e o cachecol enrodilhado na nuca lá mais para o fim.
Apagado o cigarro, fez do telemóvel lanterna e devagar subiu os degraus para o quarto, atenta agora nas peúgas turcas que lhe sobravam quatro dedos para a frente fazendo-lhe um pé de barbatana de Beluga e já só se ria estupidamente que àquela hora qualquer merda já tem graça, ver-se de calções sorrateira e pés de meias turcas velhíssimas, aos toques no aparelho, para reactivar a luz desmaiada.
Despiu-se no hall e enfiou-se na cama evitando a zona central, que já range um bocadinho ao sentar, deixando que o calor macio e relaxante que vem do lençois aconchegue sorrateiro o seu corpo nu. Suspira, sorri e adormece plácida.
comecei a ler e um sorriso de- "consigo imaginar-te nesta situação sem qualquer esforço"-foi-se instalando e ficou ,mesmo depois de ter acabado de ler. Bem aventurados os que conseguem ,com palavras, pintar de cores bonitas as coisas simples do dia -a-dia.
ResponderEliminarBjos
Mané
Beijos rodeados de abraço em ti velha amiga, que, ainda me conheces bem... ;)
ResponderEliminare que bem adormecida, a Bela...
ResponderEliminarcsd
Meias turcas! toalhas de turco, hummm será aquelas meias de desporto...
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