sábado, setembro 16, 2006

Nebulosa


imagem daqui

Os meus pés descalços acariciam o soalho de tábuas corridas, enquanto o nariz freme doloso na saudade do cheiro da terra molhada. Imóvel, retenho a memória cheiro e rumino-a pateticamente.
No meio da tarde tenho um sol, da cor do orgulho de sermos aquilo que nos fazem ser às vezes, e quase sempre sou capaz de manter numa espécie de ética quase indestrutível.
Na abrigada da noite retomo a contagem dos astros, e dou duas voltinhas de mota pelos corpos menores do sistema solar. Quando a nebulosa se começa a aglutinar, em corpos planetesimais com até alguns quilómetros de diâmetro, que com múltiplas colisões acabam por formar corpos maiores, conhecidos como protoplanetas ( in-http://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_solar), cavo de fininho, pois não sou de grupos embora simpatize com minorias.
E depois coberta de pó da criação, abro o chuveiro e sinto-lhe o cheiro.

E volto sempre, mesmo que seja tarde.


9 comentários:

  1. tens desafio. desculpa lá.
    http://naocompreendoasmulheres.blogspot.com/

    ResponderEliminar
  2. A última noite sem Sol

    Hoje é uma longa noite de vigília. Amanhã, quando voltarmos a despertar, já haverá dois sóis no horizonte. Um traz a Vida, o outro, a Farsa.

    Nós atravessamos um tempo de trevas, e, por detrás do seu alegórico oxímoro, este "Sol" nada mais trará do que mais noite.

    Nada, nele, ou em tudo o que o envolve, é novidade ou surpresa. No final do passado 2005, num mesmo dia de dor, espanto e sobressalto, também compreendemos, que, subitamente, num momento crítico de viragem, Portugal tinha decidido enrolar-se, como um feto, em redor do seu próprio umbigo: aquela miraculosa geração intermédia, dos 30, 40 e 50 anos, que deveria ter-se então manifestado, na criação da figura de um Presidente da República para um Novo Milénio, pura e simplesmente, não existia, ou tinha sido estrangulada. Em troca da renovação, apresentavam-nos um prato reputado intragável, Cavaco Silva, e o resto da história já vocês conhecem: o ancião Soares que se presta a fazer-lhe frente, o ressentido Alegre que aparece, para fazer frente à frente da frente, e dois candidatos laterais, que ali foram, medir forças, e acertar décimas, nas contagens de eleitorado.

    Nunca o disse, e vou dizê-lo aqui: Cavaco, Soares e Alegre não passavam de três cangalhos, obsoletos, e representantes de um Passado que a minha geração, entre outras, tinha tacitamente considerado como fazendo parte da História, não de qualquer futuro.
    Nós, jovens de Portugal, fomos escandalosamente burlados, por uma fatia geracional, responsável por muito do atraso e dos abusos que diariamente presenciamos, e que, afrontosamente, mostrava, preto no branco, que não estava disposta a abandonar os postos de vigia e conservação do Estado de Coisas: o Sistema "renovava-se", voltando, descaradamente, a chamar ao palco os velhos actores empalhados.

    A Intoxicação Social, que, grave, e quotidianamente, detectamos estar ao serviço desse mesmo miserável Poder Político, também necessitava agora da sua "renovação". E também a vai ter: chama-se "Sol" e é a Sombra Enorme da miríade de coisas mórbidas que, durante décadas, enformaram esta coisa a que nos confinámos: a estrangulada Cauda da Europa.

    O "Sol" nada traz de inovador. Se quiserem uma simples imagem, que possam transmitir aos vossos amigos, ele é uma farta operação de cosmética, que, através do colorido de lápis de cor virtuais, tenta apresentar, como uma banda desenhada renovada, a intragável história parda a que nos reduziram o nosso dia-a-dia nacional.

    Há outra coisa que é fundamental que aqui se diga: o Arquitecto Saraiva é um medíocre; mais, ele é o medíocre típico português, o manga-de-alpaca das meias ideias, das palavras fracotas e das iniciativas de curto alcance. É capaz de tudo, e está, novamente, numa posição para ser regiamente pago para poder ser, em plena luz do dia, capaz de tudo.

    O Sonho Português sempre passou por castrar os seus melhores talentos, e entregar os lugares de topo a indivíduo dos quais a História não reterá... nada. Como corolário, a pirâmide do medíocre é um lugar volumétrico, cujo vértice é o Medíocre, por antonomásia, e que se vai alargando, na direcção da base, mediante o acrescentar de medíocres ainda mais medíocres, ou de indivíduos cuja desfaçatez e falta de verticalidade permitem servir sob as ordens de alguém que sabem ser profunda, e irremediavelmente... medíocre.

    Nós, cidadãos que vivemos outros mundos e outros horizontes, contamos com mais um inimigo no nosso campo. Já desligávamos os noticiários, pelos insuportáveis e manipulados vinte minutos de vómito futebolístico, que, simultaneamente, tentavam apresentar, como empolgante, uma vertente pretensamente desportiva, que toda a gente sabe ser um dos rostos da Actividade Criminosa, em Portugal. Comam-na durante meia hora, mastrubem-se com os "ídolos" por ela criados, esqueçam-se de que, lá para o fim, ou em bandas rotativas de rodapé, estão a desfilar, vertiginosamente, as notícias que vos vão amolgar profundamente o Quotidiano, o Futuro, e, mesmo, a visão de sonhos passados. Esqueçam os jornais: há quem tenha poderes -- sempre os mesmos -- para comprar capas e cadernos inteiros de revistas, reportagens forjadas, branqueamento de personagens e processos, douramento de pílulas inexistentes, venenosas e omnipresentes.

    No seu arrancar, a Blogosfera Portuguesa deverá, um dia, ter sonhado com tornar-se o nosso pequeno contributo para a maré informativa do cidadão comum da Aldeia Global: troca imediata de informações, comentários lúcidos, trabalho gratuito, para oferecer a amigos e leitores desconhecidos, um pouco do nosso melhor talento. O que seria o "Braganza Mothers", se pudesse ter, por detrás, todos os dinheiros turvos da Opus Dei...

    Felizmente não os temos, e, felizmente, ainda estamos a conseguir escapar a outra maré ainda mais preocupante, a desta roda livre de palavras e murmúrios se estar toda a alinhar, e a importar, para o seu lugar de "graffiti" virtual, a massa inteira dos vícios de forma e relação da nossa Realidade Enferma.

    Como conclusão, hoje, curiosamente, Benedito XVI, pessoa sobre a qual todos sabem o que penso, terá citado -- contaram-me -- a figura de alguém que faz parte dos meus heróis, Constantino XI, Paleólogo, o derradeiro lutador pela independência das muralhas de Constantinopla contra os avanços do Infiel Turco. Deverá ter sido a única vez em que Ratzinger e eu teremos abordado o mesmo tema da mesma forma, o que não deixou de me surpreender. Com a morte de João VIII, Paleólogo, o último Constantino ter-se-á ajoelhado, numa célebre pedra de Mistras, e recebido, no Despotado da Acaia, a herança imperial, com a qual se apresentou, duas semanas depois, em 13 de Novembro de 1448, às portas de Constantinopla. O seu reinado foi curto, e durou, como se sabe, até à célebre noite de 30 de Maio de 1453. Com a Queda da Cidade, quase deserta e empobrecida, celebravam-se as exéquias de mais de dois milénios de Luz e Civilização Romanas.

    Esta noite, a última noite sem "Sol", é como essa Noite de Mistras. Em conjunto, mais uma vez, vamos ter de partir, para a defesa das últimas muralhas da Luz, e é para essa terrível viagem, como para tantas outras, eventualmente menores, e passadas, que, mais uma vez, vos convido.

    Apenas vos menti numa coisa: esta é a última noite, mas já é uma noite com "Sol". Ele está aqui (www.sol.pt). Pedir-vos que resistissem a visitá-lo era um pedido equivalente ao de Eva, feito pelo Criador. Eu sei que são humanos, e transgredirão, porque eu também sou, e também já lá fui.

    Coragem.

    (Nota, o Basileus citado por Ratzinger é Manuel II, Paleólogo. A incorrecção em nada subverte o sentido do texto)

    ResponderEliminar
  3. Pensamento:
    -Foda-se!

    E isto é para os dois, para o Bagaço e para quem cita Basileus , que só me faz lembrar a cobra do Potter, e que raio tenho eu a ver com O Sol,já não se pode escrever umamerdaliricaeonanista que chafurdam-me a casa com um discurso destes!!

    E bagaço, desculpa lá mas é o o carvalho mais velho!
    ;-)

    ResponderEliminar
  4. Oh "gaija", somos pó de estrelas e não calhaus. Se continuas nos arremessos, não há guarda-chuva que me valha.

    Issa! Deixa-me lá fugir...

    ResponderEliminar
  5. Mas quem te disse que somos calhaus?? Então tu não leste que fujo deles, e que venho tomar banhito de seguida?
    Gosto é do cheiro do pó de estrelas molhados.
    queres lá coisa mais sexy, Hipatia ludovina?
    ;-)

    ResponderEliminar
  6. Os planetas que rodem, que colidam... enquanto cheirarmos quem somos, estamos vivos. :)

    ResponderEliminar
  7. Sem dúvida,e nada como um banho apaziguador depois Marietree
    ;-)

    ResponderEliminar
  8. Beijos Lunares...

    Já conheces o novo blog onde agora escrevo, num registo completamente diferente?

    Chama-se
    www.rendez-vous-arabie.blogspot.com

    :-0

    ResponderEliminar
  9. Já lá vou espreitar AmeixaClaudia
    bjo
    :-)

    ResponderEliminar