terça-feira, abril 11, 2006
Um dia a propósito de um qualquer comentário meu, o Carlos da Alameda dos Oceanos, desafiou-me a terminar uma história, por ele iniciada.
Agora apeteceu-me.
Toma Carlos, é tua.
……
E disse-lhe. De atacado. Com muitos gestos de corpo e riso nas mãos, apoiado pelos olhares daquela gente expectante, gozo sôfrego de dor alheia, panaceia das suas vidas vazias goradas, naquele mise en cène já refilmado.
D sorvia o chá, ligeiramente reclinada de modo a observa-lo por inteiro, pestanejando devagar. Acenava assertivamente com a nuca, deixando-o pouco a pouco baralhado.
E G falhou-lhe de espelhos, e de afectos em conflito, coisas interiores e frases feitas, colibris e aguarelas, argumentos e condimentos, factos de pele e olfactos, encadeamentos opinativos, de falcão de asas cortadas, cabrestos que o apertavam e alergias diversas.
Pouco a pouco deixou de o ouvir, enquanto inalava o chá num frémito de narinas em olhos de sombra quieta, e voou longe para o "chanoyu".
Quando G a abanou suavemente, e lhe perguntou se tinha escutado e compreendido, D apenas lhe respondeu que ele não passava de um insecto.
E perante o espanto da plateia, dissertou sobre o mistério da cerimonia do chá, e de como esta foi crescendo sob a influência do budismo de Zen cujo objectivo é, em palavras simples, purificar a alma do homem, confundindo-a com a natureza.
E retirou-se do salão, depois de lhe atirar com desprezo uma nota de €20.
(E pronto.
Vitória, vitória, acabou-se a história.)
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Este tipo é do tempo da Linda Lovelace; ofereçam-lhe o garganta funda;)
ResponderEliminarQuanto à "continuação" da história, não é, evidentemente, uma continuação, mas outra história. Não menos interessante, modéstia (minha e sua) à parte !
Pressupõe que a conversa de xaxa continuou, quando o "diz-lhe depressa" podia ser exactamente o contrário. Vou experimentar ;) bjs, Janeca.
"Não sou eu, é ele ! Diz-lhe isso a ele, ao G. que eu inventei, se és capaz ;)"
ResponderEliminarFoi isto exactamente que escreveste Carlos.
Ele disse. Continuou na conversa de xaxa, que é exactamente aquilo que G, é. Uma xaxa, com medo de se comprometer. Não sei se na primeira parte, ou na outra história, ele teria honestidade de o fazer, são várias perspectivas.
Os humanos são interessantes por isso mesmo, têm olhos que processam informações conforme o momento.
Esta é a minha "versão" da outra história.
:-)
Soslayo eheheh ;-)*
ResponderEliminarVi de soslaio e pareceu-me uma tirada apressada. Mas de comments leves e frescos está isto cheio. Em frente...
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