segunda-feira, abril 10, 2006
Sem som
Para te escrever sobre o silêncio, é necessário uma moldura fechada e insonorizada.
Perderás assim o ritmo do som dos passos abafados no tabuado, o som das lagartas a triturar ao de leve as folhas, o murmúrio do vento que nos enreda os cabelos.
Esquecerás o som do mar, e o gorgolejar dos peixes.
Cegar-te-á a areia que rodopia.
Perderás o som das montanhas escurecidas pelas nuvens difusas, que projectam sombras nas pedras dormentes e subjacentes.
Não responderás aos pássaros nocturnos nos pios de caça e namoro.
E não te deixarás adormecer ao som das cigarras que embalam ventres satisfeitos, frescos de luar nas noites de Verão.
O não som em espécie de tortura manietada muda.
As mãos que harpeiam melodias que sei que soam, mas não sei quais.
E como poderás escutar o bater monocórdico do coração?
E ouvir a brutalidade dos factos?
Viver calado, não é viver no silêncio.
É sentir os sons no momento e ofertá-lo nas palmas das mãos em palavras.
imagem daqui
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:)
ResponderEliminarAfinal os ouvidos estão espalhados na nossa pele.
Mas nem duvides,Marietree
ResponderEliminar;-)
Viver calado é ser um cofre de palavras...
ResponderEliminar;-)
Até os mais inexpugnáveis deixam de o ser.
ResponderEliminarOs cofres,claro
;-)
Um texto forte... Será que escuto a rebentação do Mar?
ResponderEliminarSempre o mar Gaivina,corpo presente.
ResponderEliminar:-)
Finalmente livres do gato e substituidos pela oferta das palavras. Eu agradeço e gosto muito:)
ResponderEliminarÉ uma gata.
ResponderEliminarToma um antihistaminico
:-)
Gato ou Gata o que interessa é que é felino.
ResponderEliminarTão felino que foi passear para o Plagiadíssimo.
Obrigado pela visita.
Passa por lá e fica bem.