sexta-feira, fevereiro 17, 2006
Barqueiras
Desconheço o nome do fotógrafo
Uns, constroem castelos de areia ou pedra, de nuvens de vento ou queijo fresco. Outros ainda, veleiros enfunados, capitães de ventanias ou mares parados, em prata imortalizados, numa qualquer medalha comemorativa de uma passagem por esta ou outra vida.
A escolha varia entre a imaginação e o espírito inquieto, que nos molda estadíos, levados mansos pelo rio, ou engalfinhados por torrentes rebolonas que ora nos estrangula, ora nos dá colo.
Ou para quem tenha o pé calçado, incitados a optar por impulsos, entre estradas calcetadas ou serpentinas de carreiros empoados.
Questão de técnicas.
Eu cá, sou mais pelas barcas. Madeiras inchadas, de águas verdes, azuis ou coralinas. Casco fendido, cicatrizado, revirado e afagado, remendado de pedaços de outras terras.
Engalfinhadas no macio do punho do remo, as mãos teimosas criam riscos insinuosos na superfície espelhada. O bucólico.
No entretanto, deixei-a na costa. A barca.
Descansa meio descambada, nos seixos do mar gelado.
Espera tempos de sol.
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Há um ciclo para todas as coisas. O sol virá e a barca há-de ser afagada pela brisa fresca.
ResponderEliminarBeijinho
E o sol não falha, pá.
ResponderEliminar(Também gosto de barcas, mas nunca tirei a carta de marinheiro. Navego num simulador...)
Imaginação e espírito inquieto são sinónimos,não há escolha aqui.
ResponderEliminarE barcas paradas degradam-se, ainda mais com o sol.
Elipse
ResponderEliminarainda bem que existem vários ciclos, ou a vida tornava-se insuportável
beijinho grande
shark
a minha carta de marinheira é manifestada apenas pelos calos que os remos me legaram
ás vezes tenho pena de não a ter,outras nem por isso
Carlos
As barcas degradam-se ao sol se as deixarmos, a minha aguarda-o é diferente.E há sempre escolha, quer queiras ou não.
E, lamento desapontar-te,
mas apresento-te em primeira mão assim que quiseres,meia dúzia de espiritos inquietos completamente falhos de imaginação,que não são iguais, nem parecidos.
Porque Carlos,neste caso especifico, igual, igual, é meter dois dedos no cu, e cheirar um de cada vez!
Lembrei-me de te oferecer uma coisa:
ResponderEliminar«Tudo me é uma dança em que procuro
A posição ideal,
Seguindo o fio dum sonhar obscuro
Onde invento o real.
À minha volta sinto naufragar
Tantos gestos perdidos
Mas a alma, dispersa nos sentidos,
Sobe os degraus do ar...»
Sophia de Mello Breyner Andresen - Tudo
O texto está lindo! E "la barca vai..."
Sim, sem dúvida, espíritos cheios de imaginação em absoluto sossego tb são verdadeiros.
ResponderEliminar:)
ResponderEliminarGostei!
nem para todos, Soslayo...infelizmente a vidinha lá fora é cruel.
ResponderEliminarHpatialudovina, esse poema foi escrito de proposito para mim. Só pode.
Obrigada, duas vezes
:-)**
Mais calmo, Carlos?
Obrigado Katraponga
bem vindo à tasca.
finalmente respondi à tua "corrente"! sorry de dileite!
ResponderEliminarbeijinhos
Não peças deculpa Mr, sei que és uma mulher muito ocupada.
ResponderEliminarbeijinhos
A beleza do textonão me espanta. Espanta-me que esperes o sol quando tu és mulher para o procurar até escondido atrás da lua, numa noite de luar. ;)))
ResponderEliminarGosto de cascos fendidos, cicatrizados, porque mostram as mágoas das desventuras em viagens de sonho em busca do sol e, mesmo quando cremos não o ter visto brilhar, reparamos espantados que regressamos tisnados pela sua força, pelo seu calor.
ResponderEliminarUm beijo grande da Bastet Bigodes!
Sim, sol, por favor..... ;)
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