A noite correu-lhe mal. Deu voltas e mais voltas beliscões na almofada, suspirou, tornou a suspirar, a perna esticada a perna enrolada a perna com cãibra, a testa enrugada e mais uma punhada na almofada. Adormeceu por exaustão e acordou quatro horas depois ao som do telemóvel que frenético andava ás voltas sobre si ali ao lado.
-O pai morreu!
-Ah, qual pai?
- O nosso, pá! -E a voz entaramelada do choro.
-Quando?
-Hoje ás 9h, vou buscá-lo a Lisboa.
-Ah…está bem, quando chegares avisa. Queres que vá ter contigo?
- Não, eu aguento-me.
-Beijinho e vai com calma.
-Sim, vou.
No espelho à procura de uma emoção só vislumbrava remelas e a tez baça. Lavou os dentes ajeitou os cabelos e urinou. Cinco minutos mais tarde enquanto mexia o café e olhava lá para fora pensava que, há rios que quando secam é para sempre.
O luto já tinha mais de vinte anos e estava um dia lindo lá fora outra vez.
As relações morrem mais cedo que as pessoas...
ResponderEliminarsendo que, são as pessoas que as matam mais cedo também...
ResponderEliminar20 anos de luto permanente? é muito...
ResponderEliminaro tempo é relativo fábula.
ResponderEliminar:)
premonitório o sono, hem?
ResponderEliminare acontece vezes demais para surpresa dos demais,aNa.
ResponderEliminar;)
O pormenor da mijinha tem o seu quê...
ResponderEliminartem shark...chama-se requinte...
ResponderEliminar;)