terça-feira, junho 12, 2007

O cinismo

Onde trabalho, bem como em mais dúzias de sítios semelhantes, a quantidade de pessoas produtivas está abaixo do nível critico. Não é novidade. O povo agradecido pela esmola continua a barafustar com a boca pequenina pelos cantos e pouco mais. Quando a lua vai alta e os chefes brandos já ressonam, os elementos perdedores roem pequenos despojos, salivando bactérias fétidas ininterruptamente sobre os comunicados internos, externos e, outra vias mais ou menos oficiosas de normas e aplicativos que nem para limpar o cu servem porque o papel é modelo A4 HP jacto de tinta especial. Arrotam sempre no fim, lá isso faça-se justiça.

Na manhã seguinte como fiéis servidores absolvidos pela neblina, escondem os nós dos dedos e fazem uso da saliva gelificada espalhando-a abundantemente nas omoplatas do respeitoso feitor do galinheiro. Também nada de novo a oeste.

De vez em vez aparecem bolos. Porque fazem anos, porque alguém fez anos, porque se lembrou apenas, porque o filho foi crismado e tinha lá tantos restos da festa e andam todos em dieta lá em casa, porque alguém lhe deu e pronto aqui come-se tudo, porque até há almas ainda puras e fazem isso há anos e prontes nada como açúcar para compensar merdas de frustrações que não se andam aqui a mostrar e que só existem porque a natureza humana é feita para sofrer, porque hoje é feriado do santo não sei das quantas, porque nasceu alguém, porque operaram alguém com êxito estrondoso e temos sempre que nos mostrar agradecidos àqueles anjos e fadas de mãos frias que foram uns santos tão mal que a minha mãezinha andava é só um agradecimento pequenino, e porque, ao fim de algum tempo alguém se vai embora de vez.

Nesta altura é que a coisa se torna hilariante.

Andaram aqueles filhos de uma grande puta a inventarem aleivosias contra a quase abalada todos os bocadinhos que conseguiram fazendo-a debulhar em lágrimas que chorar até faz bem desentope os canais, revirando os olhos de desdém ela só aqui fazia meio tempo porque quis, e no final de um turno já fizeram desaparecer um bolo de quatro quilos, que verdade seja dita até é uma boa merda seca que nem cornos mas até parece mal a rapariga ter-se dado ao trabalho de vir carregada com aquilo e agora ninguém comer.

E suspirando, limpam os restos da carcaça dos cantos da boquinha delicadamente envolta em batom do cieiro, com o respectivo dedo mindinho espetadinho que a gente aqui é fina.

P'ro caralho!

19 comentários:

  1. Que belo microcosmos. :)

    Desta vez até te comento por imagem:
    http://redescolar.ilce.edu.mx/redescolar/publicaciones/publi_reinos/fauna/hiena/hiena1.jpg

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  2. :)

    Ó JP, tu não te importas que imprima este teu post e cole no meu local de trabalho, pois não?...

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  3. ai cap nem me digas nada, que estou capaz de as comer vivas
    ;)

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  4. Não Marietree, imprime e cola, tipo poster, mas não te esqueças da nota de rodapé com as devidas elucidações
    :)

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  5. Onopatopeia de arroto sera , pfadrrr…. ai ii tava aqui apertadinhooo.hihihi

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  6. Porque razão há mais dessas pessoas do que das outras que não chateiam ninguém.....

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  7. Um bom pfadrrr...para ti também Claire
    :D
    :D

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  8. Devem pertencer a um grupo genético modificado pela acção do mesmo ar saturado que respiram, patioba
    ;(

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  9. LOL!!! Estou a ver que trabalhamos no mesmo sítio ó pá! (e o raio dos bolos que padecem sempre o mesmo mal, aquele pao-de-ló desenxabido com recheio de ovos molos, bléárgh, e ressequido porque foi comprado na véspera e pernoitou em casa do "festejante" e percorreu longos caminhos sujeito ao AC do carro, até chegar ao bandulho das hienas. :-))))

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  10. pois é mar, já a maria também achou o mesmo ;)
    lugares demasiado fechados fazem trazer ao de cima o melhorzinho de nós.

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  11. Eu como fanática por doces não possoa falar muito...

    Só aquilo do dedo mindinho é que me deixa com a pulga atrás da orelha...é que a mim sempre me disseram que é altamente parolo, acho que aí para a capital diz-se possidónio,ou melhor, pindérico, espetar o dedo mindinho!

    o meu ex- é que dizia que o avô, sendo de alcântara lhe dizia que essa prática era o cúimulo do chique!

    acho que neste portugalejop já ningu
    ém se entende. Não há meio de hver unanimidade no que toca às boas maneira.

    O melhor é perguntar à Professora Doutora em matéria de etiqueta: Paula Bobone. Ou então ao casal mais chique de Portugal. nelo e Idália.

    CSD

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  12. Espero que tenham percebido alguma coisa do que escrevi no coment anterior. Já nem consigo contabilizar o número de gralhas que para ali estão. Jã estou que nem posso com tanta gransnadela visual!


    CSD

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  13. Espero que tenham percebido alguma coisa do que escrevi no coment anterior. Já nem consigo contabilizar o número de gralhas que para ali estão. Jã estou que nem posso com tanta gransnadela visual!


    CSD

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  14. Espero que tenham percebido alguma coisa do que escrevi no coment anterior. Já nem consigo contabilizar o número de gralhas que para ali estão. Jã estou que nem posso com tanta gransnadela visual!


    CSD

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  15. JP:

    Pronto, já sei, fez noite e, está com um azedume que "sai da frente!". Onde é que eu já vi este filme: de trazer um bolo, para o serviço!? Pensava este ingénuo soslayo que isto não acontecia em mais parte alguma... já mandei imprimir e com aquele saco e/ou cesto que existia nos tempos das caravelas no alto do "mastro".

    Um beijo.
    ;)

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  16. JP:

    Tens lá mais uma coisinhas daquelas que tu gostas muito minha querida amiga! Desenvencilha-te.
    Um beijo
    ;)

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  17. Ameixaclaudia
    deixa lá a Bobone sossegadita que essa história das etiquetazinhas deixa-me sempre assim a a modos que enjoada. Normalmente vem muito bem embrulhada em papel de hipocrisia.

    quanto ás gralhas, carga nisso ;)
    toma beijo

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  18. Soslayo, este filme é um repete repete, quase tão patológico como a unha comprida do dedo mindinho.
    E não, este azedume não é fruto de mais uma noite sem dormir, resulta apenas do acumular de 20 anos de observação.
    bjo

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  19. Nem imaginas a maneira limpa e discreta que arranjei para me desenvencilhar da tal coisita Soslayo.
    ...vou fazerdeconta que nem li
    ;D

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