domingo, novembro 27, 2005

Meias de seda



Sentada entre as trepadeiras do último piso, inalou pensativa o cigarro. Colou com cuspo a falha de pele do tacão direito, e endireitou de um só gesto a meia de seda transparente. Não se preocupou em tapar as coxas magras, quando o impacto da porta do terraço ao fechar, fez estremecer o som frio do mármore lavado à mão. Pousou no chão o copo beberricado, e calmamente elevou-se sobre o varão escorregadio.
Na mão amarrotado o último cigarro.
Reconhecido o fim, abriu os braços e deixou-se cair despudoradamente.

Foto de Vicente Marianito

12 comentários:

  1. ai esta tentação do abismo. bom para começar a semana!!! :)

    mas sim aos pormenores de coqueterie deliciosamente desprendidos.

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  2. E com esta já matámos duas ! Para início de semana, a coisa começa colorida ... :)

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  3. oh Carlos, um de nós tem que parar com aqueles cogumelos :p
    A tua também não levou para-quedas?

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  4. muito bem
    gosto

    se fizesses sempre assim, aquem do kitsch, dava-te os beijos de quem gostasses

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  5. JP, pra quê tapar as coxas magras, se tão belas são. Pois de falha na pele já basta o direito tacão. Beijinho

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  6. Mas que é que quer morrer com uma pernas assim...?

    OOps! Esqueci-me: a Marilyn Monroe, a divina Romy Schneider, entre outras...

    Porque insiste a Felicidade em divorciar-se da Beleza?

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  7. Inventaremos um provérbio tipo, a beleza não dá felicidade??

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  8. Linda é esta fotomontagem( é assim que se diz?) que o Vicente fez.
    "Roubei-lha" há já algum tempo, e não resisti a dar-lhe uma roupagem de palavras.
    Obrigado pela visita, e pela amabilidade em me a deixar usar.
    :-)

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